2013/03/02

(Des)Acordo ortográfico

Até hoje, nunca me pronunciei sobre o novo acordo ortográfico mas na realidade, no meu trabalho, sou confrontada todos os dias com a sua existência e com as mudanças que traz!
Todos os dias tenho de andar constantemente a comutar o interruptor no cérebro entre ortografia antiga e ortografia nova, pois há clientes que querem ainda a ortografia antiga, outros já querem a nova e outros ainda que para uns trabalhos querem a nova e para outros a antiga.
Há alterações com as quais eu até concordo... se há letras que não se pronunciam, de facto não estão lá a fazer nada. Mas há outras alterações que me fazem pensar que quem elaborou o acordo, o assinou e promulgou devia estar com os copos!
Ontem, por exemplo, durante a revisão de um trabalho deparei-me com a frase "A cofragem desloca-se para a plataforma corrediça e para.". O meu primeiro pensamento foi que o tradutor se teria esquecido de uma parte do texto, só quando li o texto original é que percebi que afinal o último "para" era na realidade verbo e não preposição!
Já estou a ver o técnico na sua oficina, para o qual as alterações do acordo ortográfico lhe passam perfeitamente ao lado, a ler isto e a perceber à primeira que afinal o último "para" é na realidade "pára"!!!
O texto do acordo diz relativamente a isto:
"Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respetivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, e pelo(s) (ê), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc."
Dou um doce a quem souber dizer o significado de "paroxítonas", "homógrafas" e "proclíticas" sem ter de ir ver ao dicionário!
Ora das duas uma, ou o texto foi escrito por uma tia de Cascais ("Olhe o menino para ali para a tia ir à casinha defecar") ou o acordo foi feito depois de uma almoçarada ou jantarada bem regada e onde se fumaram algumas coisas estranhas que não tabaco!!!

1 comentário:

Monia disse...

Concordo em absoluto!

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